Os Profs. Amir Antônio Martins de Oliveira Júnior e Milton Pereira foram eleitos, respectivamente, Chefe e Subchefe do EMC (Departamento de Engenharia Mecânica) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), para o período 2020-2022. A chapa composta por eles recebeu todos os votos das 66 pessoas que participaram da votação realizada no dia 02/10/20 por meio do sistema de votação on line ADoodle. Não houve votos em branco ou nulos.
Na reunião do Colegiado do Departamento do dia 10/10/20, membros do quadro docente comentaram o quão rara é a unanimidade neste tipo de eleição. Entre eles está o Prof. Clóvis R. Maliska, que há 44 anos dá aulas na UFSC e só lembra de resultado parecido no processo eleitoral anterior, quando os Profs. Sergio Gargioni e Lauro Nicolazzi foram escolhidos para a Chefia e Subchefia do Departamento (estes serão objeto de nova reportagem).
Novos gestores são ex-alunos do EMC
O Prof. Amir concluiu a graduação em Engenharia Mecânica na UFSC em 1989, e o Prof. Milton, em 1995. Ambos são membros da Alumni EMC (Associação de Ex-alunos do Departamento de Engenharia Mecânica e da Escola de Engenharia Industrial). Juntos, eles identificaram 6 desafios principais para os próximos 2 anos: manutenção e ampliação da estrutura física; reposição dos docentes e estímulo aos recursos humanos; adaptações nos currículos de graduação; pesquisa extensão; apoio à divulgação; e busca por recursos financeiros. Essas e outras questões são abordadas nas entrevistas que seguem os resumos dos currículos de ambos os professores.
CV RESUMIDO DO PROF. DR. AMIR ANTÔNIO MARTINS DE OLIVEIRA JR
Tem graduação em Engenharia Mecânica pelo Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC (1989), mestrado em Engenharia Mecânica pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFSC (1993) e doutorado em Engenharia Mecânica pelo Department of Mechanical Engineering and Applied Mechanics da The University of Michigan at Ann Arbor (1998).
Atualmente é Professor Titular do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC. Experiência nas áreas de Fenômenos de Transporte e Energia com ênfase em problemas envolvendo Transferência de Calor e Massa, Mecânica dos Fluidos e Combustão.
Pergunta – Na reunião do Colegiado do dia 10/10, o senhor elencou 6 desafios que vai afrontar, começando pela manutenção e ampliação da estrutura física do Departamento de Engenharia Mecânica. Como pretende enfrentar a questão?
Resposta do Prof. Amir – Posso lhe assegurar que temos mais perguntas a fazer ao departamento do que soluções para apresentar. Entendemos que o engajamento de todos em torno das questões importantes contribuirá para identificar as soluções mais promissoras e com melhores resultados no longo prazo.
Manutenção é nosso primeiro desafio. A manutenção requer ações preventivas, mas também corretivas. Através dos meios da administração da UFSC podemos planejar e executar as ações preventivas. Por exemplo, podemos refazer o telhado, realizar a pintura e comprar microcomputadores para os setores administrativos.
Porém, as ações corretivas requerem maior agilidade. Por exemplo, se ocorre um curto circuito elétrico, ou se as bombas de drenagem do bloco B quebrarem, como as consertamos? Essas ações requerem agilidade. Precisamos de soluções para manutenção das áreas comuns do departamento.
P – Alguma possibilidade de ampliação do espaço?
R – A criação de novas infraestruturas depende de recursos de investimento, normalmente recursos de projetos de pesquisa e desenvolvimento. Cito, por exemplo, os recursos FINEP, BNDES e Petrobras, para citar apenas algumas das fontes de financiamento. As ações de alavancagem desses investimentos se originam do trabalho dos docentes e pesquisadores. São ações empreendedoras também, na sua concepção mais fundamental. Nesse sentido, trabalharemos para agilizar os processos de gestão, projetar o departamento externamente, distribuir informações, incentivar e estar presente naqueles momentos em que essas oportunidades possam ser alavancadas. Gostaríamos que cada docente tivesse a certeza do seu potencial e buscasse a concretização das suas ideias, seja individualmente, ou em parceria com outros grupos de pesquisa.
P- Como pretende valorizar as atividades das Equipes de Competição?
R – Acreditamos que as Equipes de Competição sejam um componente complementar do ensino, no treinamento de competências, estímulo à criatividade e ao engajamento do corpo discente. Ao contrário dos projetos de pesquisa, os recursos para o ensino vêm diretamente do caixa da UFSC. Dificilmente um recurso público captado externamente possibilita o investimento em estruturas de ensino. Imaginamos que algo como um Espaço de Criação, dedicado aos alunos, poderia ser utilizado pelas equipes de competição, pelas disciplinas com projetos e por atividades como hackatons e competições estudantis (já tivemos edições de competições de treliças, competições de voo de aeronaves movidas por elástico, apenas para citar algumas). Acreditamos que seria um espaço ativo e ocupado. O que eu posso afirmar é que temos um compromisso de perseguir esta questão e temos o trabalho de base dos Profs. Gargioni e Lauro como pontos de partida.
P – A propósito, como tem sido sua participação nas Equipes de Competição?
R – Tenho uma longa ligação com as Equipes de Competição, conheci gerações de alunos que passaram por essa experiência. Um grande número de alunos definiu suas carreiras a partir desta experiência. Aprecio o valor e o papel que as equipes desempenham na formação dos nossos alunos.
Na época em que eu era aluno, não tínhamos as Equipes de Competição na forma em que se encontram organizadas agora. Como professor, um ano após a minha posse, em 2001, eu me envolvi com o Minibaja. Um grupo de alunos me procurou dizendo que tinham uma ideia que iria mudar a competição. Tradicionalmente, a estrutura em gaiola característica do Minibaja era (e é) feita em aço, normalmente, em tubos de aço soldados. Pois bem, a turma queria fazer em alumínio. Um material mais leve, mas que nunca tinha sido usado nessa competição. Lauro era o coordenador da equipe Uiraçu do EMC, que já acumulava títulos, e assim, com o apoio dele, formamos a segunda equipe. Nascia a Equipe Ilhéu de Mini Baja.
O LABSOLDA, com o Prof. Jair Dutra, resolveu a soldagem, e com o apoio adicional do LMP e LABMAT, projetamos, construímos e testamos um veículo com gaiola em alumínio, eixos de tração independentes e transmissão por CVT. Várias inovações no mesmo veículo. Fizemos um primeiro teste na competição sul em Gravataí e fomos para a competição nacional, ambas em 2002. Na competição em Piracicaba, os juízes, pegos de surpresa, disseram que o regulamento não proibia, mas que eles não tinham certeza sobre a resistência do veículo. Como nosso projeto tinha sido bem avaliado, eles autorizaram a nossa participação. Terminamos o enduro com uma quebra na transmissão, mas a gaiola e a suspensão se comportaram muito bem. O regulamento do ano seguinte resolveu a questão, explicitamente proibindo a construção em alumínio.
Em 2003, o pessoal do Aerodesign me convidou para orientar a equipe Omega. Então, unimos as equipes de Minibaja Uiraçu e Ilhéu sob a orientação do Lauro e eu fiquei responsável pela equipe Omega. Na época, ainda não tínhamos uma estratégia de continuidade das equipes. Assim, com a formatura dos alunos, a equipe Omega se dissolveu no ano seguinte. Apesar de estar contaminado pela ideia das Equipes de Competição, passei a acompanha-las de longe. Somente bem mais tarde, em 2015, me tornei coordenador da Equipe CéuAzul de Aerodesign, com a qual trabalho até hoje, uma atividade que me dá muita satisfação e orgulho dos resultados alcançados pelos alunos. Fui também o primeiro coordenador da equipe APEX Rocketry em 2018, uma equipe de foguetes, que hoje é coordenada pelo Prof. Rodrigo Fernandes.
P – Sobre recursos humanos, já sabe que reposição de docentes é necessária para melhor funcionamento dos cursos?
R – Temos estimativas do número de docentes que deverão ser contratados nos próximos anos e de suas respectivas áreas. Pretendemos revisar essas estimativas e nos prepararmos para as próximas contratações. Esse é um assunto vital para o departamento e trabalharemos com a Câmara de Administração nessas definições.
P – Que pontos o senhor acha que poderiam ser aperfeiçoados nos currículos dos cursos de graduação do EMC?
R – As atividades dos docentes no Departamento são equilibradas entre as suas funções de ensino, pesquisa e extensão. A nossa capacidade de obter resultados é maximizada quando há sinergia entre essas atividades. Por exemplo, uma parte significativa dos nossos alunos atuam nos laboratórios de pesquisa, desenvolvendo pesquisa, grande parte envolvendo a indústria, e complementando as suas formações. O professor atua como coordenador dos projetos e orientador dos alunos. Portanto, manter uma previsibilidade e equilíbrio entre os focos do docente, lembrando que esse equilíbrio é regulado em doses distintas para cada docente, é importante para a nossa efetividade. Ainda mais, ações que incrementem essa sinergia ou desenvolvam outras são interessantes para o Departamento.
Do ponto de vista dos currículos, por definição, eles são peças temporárias que devem ser atualizadas periodicamente a fim de se adaptarem às novas legislações, ou às mudanças de percepção quanto à formação dos engenheiros. O PPC (Plano Pedagógico do Curso) de Engenharia Mecânica é de 2006. Foi fruto de um trabalho de mais de 2 anos, por meio de 3 comissões, envolvendo vários docentes e consultas externas. O de Materiais é mais recente, tendo sido reformulado em 2018. O PPC deve ser acompanhado, avaliado e reelaborado sempre que necessário. Devemos nos perguntar se as transformações nos interesses da sociedade e na aplicação da Engenharia nos últimos anos justificam a reavaliação dos PPCs dos nossos cursos. Estamos alinhados, ou algumas transformações ainda não estão refletidas nos fundamentos pedagógicos da formação dos nossos engenheiros?
Ainda, de um ponto de vista prático, a Resolução Nº 2 do CNE, de 24/04/2019, instituiu novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Engenharia e fixou prazo de 3 anos para a sua implementação. Após esse prazo, as avaliações externas dos nossos cursos enfocarão essas novas diretrizes. O prazo se encerrará em 2022. O que precisamos adaptar nos nossos PPCs para satisfazer as novas diretrizes? Existe também a possibilidade de obtermos avaliações internacionais, como a avaliação da ABET (Accreditation Board of Engineering and Technology). Devemos avaliar nossos cursos por parâmetros internacionais e buscar as avaliações internacionais? Precisamos que o Departamento responda a essas perguntas e realize as ações recomendadas e necessárias de atualização dos PPCs.
Ressalto também que, além do ponto de vista formal da revisão dos nossos PPCs, existem ainda outras alternativas que podem dinamizar a formação dos nossos alunos. A reformulação dos planos de ensino para o ensino não presencial nos revelou o quanto os conteúdos das disciplinas foram sendo ajustados ao longo dos anos. Outro aspecto foi o quanto os docentes, sem exceção, foram ágeis nessa reestruturação de conteúdos e métodos, inclusive com docentes propondo reestruturações bastante significativas, como a adoção de aprendizado baseado em projeto e aprendizado reverso. Algumas dessas transformações não precisam ser adotadas em todo o programa de graduação, mas podem ser aplicadas em grupos de disciplinas em determinadas áreas, na forma de projetos piloto, por inciativa de grupos de docentes interessados em explorar o potencial de outros métodos de ensino/aprendizagem.
Portanto, existem várias ações possíveis e algumas necessárias. Nosso compromisso é trabalhar próximos às coordenações e núcleos docentes estruturantes (os NDEs) dando suporte às suas atividades. Tão logo possível, junto com as coordenações, vamos iniciar a construção de um processo de reavaliação dos PPCs dos nossos cursos, não deixando de estimular e apoiar os docentes nas suas inciativas ligadas ao ensino.
P – Sua atuação em prol da viabilização do retorno ao ensino na forma não presencial tem sido muito elogiada. O senhor poderia resumir o conjunto de ações que fomentou para a retomada das aulas de modo não presencial?
R – Os Profs. Gargioni e Lauro dispararam o processo de preparação do Departamento para o retorno às aulas em julho. Havia um sentimento de que era hora do retorno às aulas por meio do ensino não presencial, mesmo em face de incertezas em como aplicá-lo eficazmente. A Chefia emitiu um ofício ao CTC afirmando que o Departamento estaria pronto para o retorno em meados de agosto, mas que aguardávamos uma decisão oficial do Conselho Universitário. Assim que esta decisão ocorreu e o calendário se tornou oficial, precisávamos cumprir uma série de requisitos, entre os quais, rever, aprovar e publicar os planos de ensino. O Prof. Gargioni nomeou uma comissão, formada por mim e pelos Profs. Celso e Niño, com a atribuição de coletar, avaliar e elaborar parecer ao Colegiado do Departamento sobre a adequação dos planos de ensino às normas. Elaboramos um modelo e submetemos ao grupo. O trabalho só foi feito no prazo e corretamente devido à compreensão e ao empenho de todos os docentes, cada qual revisando os seus planos de ensino. O grupo de docentes também mostrou grande empenho em desenvolver e compartilhar soluções para o ensino não presencial. Ao final, com o apoio fundamental da Equipe de Divulgação do EMC, um site informativo foi criado e tornou essa informação e outras públicas e claras.
P – Alguma ação específica sobre pesquisa e extensão?
R – A pesquisa e extensão se confundem na Engenharia. Excluindo ações comunitárias ou de treinamento bem específicas, em geral, a extensão e a pesquisa, quando enfocam uma solução para a indústria, se diferenciam apenas na forma do resultado: se uma forma mais acadêmica, a pesquisa, ou, se uma forma mais aplicada, a extensão. Os contratos e convênios visando essas duas modalidades são distintos e as regras mudam em certos aspectos.
Nossos processos de aprovação e monitoração dos projetos de pesquisa e extensão na UFSC estão definidos pelas resoluções vigentes. O fluxo dos projetos de pesquisa foi agilizado e organizado pelo Prof. Armando Albertazzi, quando à frente da Direção de Projetos na PROPESQ. Um trabalho semelhante foi desenvolvido na PROEX. Hoje temos plataformas digitais e procedimentos de registro e relatório. O Departamento tem pouca influência sobre essas etapas, a não ser na análise das propostas cadastradas. Entendemos que a celeridade nas etapas que nos competem é essencial. Também entendemos que encaminhar percepções e demandas dos docentes aos órgãos superiores também é nossa função, assim como trabalhar com as fundações para aperfeiçoar o gerenciamento dos projetos, ou para clarificar procedimentos recomendados.
Mais importante, porém, é a busca de alternativas de parcerias e acordos de cooperação que resultem em oportunidades para docentes, discentes e STAEs. Essas parcerias podem resultar em oportunidades de execução de projetos de pesquisa, de formação de redes nacionais e internacionais, formação especializada, oportunidades de estágios, duplas titulações, realização de disciplinas isoladas em outros centros, visitas, cursos de curta duração, seminários, oficinas práticas, tutorias por profissionais da indústria, entre tantas outras ações que podem ser alavancadas no Departamento. Cabe à Chefia contribuir para encontrar opções de financiamento, divulgar amplamente, estimular a adesão e contribuir para concretizá-las.
P – O senhor foi um dos membros do quadro docente EMC que mais se interessou pelo Rota 2030. Por quê?
R – O ROTA 2030 é um programa nacional que visa canalizar recursos oriundos de oportunidades de isenção fiscal para o desenvolvimento da indústria da mobilidade e logística com focos em eficiência energética, desempenho estrutural, tecnologias assistivas a direção, ao uso de biocombustíveis e de formas alternativas de propulsão, além de metas de produção de novas tecnologias e inovações, incremento da produtividade, capacitação técnica, qualificação profissional, expansão e manutenção do emprego no setor de mobilidade e logística.
Esse é um programa com aderência à área de Engenharia Mecânica e é uma oportunidade para os docentes. Este programa tem recursos previstos para mais 4 anos. A obtenção dos recursos é competitiva e exige parceria com a indústria no setor. Esta é uma entre outras oportunidades para pesquisadores e grupos de pesquisa como, por exemplo, aos recursos da ANEEL e EMBRAPII no Brasil e o Horizon Europe da Comunidade Europeia. O que é fundamental é que nossos docentes estejam atentos às oportunidades e dispostos a apostarem na captação desses projetos.
CV RESUMIDO DO PROF. DR. MILTON PEREIRA
Tem graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995), mestrado (1998) e doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004), pós-doutorado em Engenharia Mecânica-Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (2006) e pós-doutorado no Fraunhofer Institut für Lasertechnik (ILT), vinculado à RWTH Aachen, Alemanha, na área de processamento de materiais com laser (2013). É professor efetivo do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, com atuação em nível de graduação e pós-graduação. Tem experiência na área de Engenharia Mecânica, com ênfase em Engenharia de Precisão, atuando principalmente nos seguintes temas: processos de manufatura, otimização de processos, projeto de máquinas, metrologia, metodologia de projeto, automobilística e processamento de materiais com LASER.
Pergunta – Que planos o senhor tem como Subchefe do Departamento de Engenharia Mecânica?
Resposta do Prof. Milton – Um Departamento, como menor subunidade universitária, possui, por determinação de legislação própria da Universidade e do Centro Tecnológico, a responsabilidade pela execução de uma série de atividades de competência relacionadas às questões básicas de ensino, pesquisa e extensão, bem como as responsabilidades advindas da gestão universitária associada às atribuições legais atribuídas à chefia.
Como plano inicial, sendo corresponsável pela chefia, é primordial zelar para que todas as ações realizadas atendam aos requisitos normativos.
Partindo desse pressuposto, é hora então de dar suporte e incentivar as ações do Departamento nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, sempre tendo em mente a nossa atividade fim, que é a formação e aprimoramento de engenheiros com os mais altos níveis possíveis de qualidade. Boas práticas deverão ser incentivadas e difundidas e os desafios deverão ser vencidos de forma coletiva, garantindo que o Departamento cresça como um todo.
P – Que experiências acadêmico-profissionais serão úteis à nova posição
R – Além dos conhecimentos específicos sobre procedimentos e possibilidades dentro das áreas fundamentais de ensino, pesquisa e extensão, é necessário entender como funciona a gestão universitária. Pela complexidade envolvida, isso é algo que vem com a experiência, mas que é potencializado ao se manter uma postura de ouvir os mais experientes e buscar a interação e esclarecimentos com as unidades competentes dentro da universidade. A comunicação e a relação interpessoal são peças-chave nesse processo. O fato de eu ter passado quase 10 anos como professor no IFSC ajudou muito, ao me permitir conhecer como funciona uma instituição federal de ensino. Apesar de possuírem finalidades diferentes, tanto o IFSC quanto a UFSC compartilham do mesmo regramento administrativo. Além disso, a experiência como avaliador de cursos pelo Conselho Estadual de Educação e pelo INEP deu uma bagagem importante sobre a estrutura esperada para cursos de Engenharia de excelência.
P -Como sua experiência internacional pode ajudar na nova gestão?
R – A chance de ter passado períodos junto a instituições de ensino superior na Alemanha (pós doutorado em 2013) e nos EUA (professor visitante em 2019), com certeza, abriu minha mente para a absorção das melhores práticas de ensino-aprendizado desenvolvidas nesses países. O mais importante nessas experiências foi descobrir que cada uma possui suas próprias formas de buscar a excelência e que não existe uma receita única e infalível. A chave está na capacidade de adaptação às mudanças constantes em todos os níveis e de personalização das ações para atender às nossas realidades.
P – Como pretende driblar as limitações burocráticas da UFSC como um todo?
R – A burocracia existe, é inerente da atividade e desta natureza de instituição. A melhor maneira de “driblar as suas limitações” é jogar o jogo conhecendo as regras. Ou seja, quando se faz da maneira certa, não é necessário fazer de novo e nem de forma atropelada. Além disso, é importante contribuir com as instâncias superiores no sentido de propor melhorias para o processo. A evolução precisa ser contínua e colaborativa.
P – Como planejar atividades de ensino, pesquisa e extensão diante das incertezas provocadas pela pandemia?
R – A pandemia está trazendo muitos ensinamentos. O “novo normal” ainda está repleto de incertezas. O mais importante é estarmos preparados para nos adaptar à nova realidade e envolver a todos nesse processo de adaptação contínua. Um exemplo fantástico da capacidade deste Departamento foi a mobilização para o atendimento às atividades remotas de ensino. Com a chefia liderando as ações, o potencial e engajamento da equipe acabam tornando o processo mais natural.
P – O senhor sempre prestigiou ações da Alumni EMC e até promoveu encontros de turma. Como estimular o sentimento de pertencer ao EMC ainda na graduação?
R – Nosso Departamento possui uma característica muito singular de apresentar excelências nas mais diversas áreas. Estar cercado por professores e pesquisadores de todas as gerações, que são expoentes nas suas áreas, é algo que traz um sentimento de orgulho e satisfação por fazer parte dessa história. Nosso diferencial como escola é o engajamento dos alunos nas atividades extracurriculares desde o início das suas trajetórias acadêmicas. É isso que forja o profissional diferenciado, e desejado pelas instituições e empresas de excelência no Brasil e no exterior. A Alumni vem para reforçar ainda mais este sentimento. Os alunos estão tendo a oportunidade de conhecer a história de expoentes da Engenharia nacional, podendo se espelhar nessas referências para construir suas próprias carreiras.
P -Alguma sugestão para melhorar a divulgação de ações do EMC?
R – A divulgação das conquistas do Departamento e seus atores é algo fundamental para que possamos devolver à sociedade a confiança que tem em nós, ao nos encaminhar seus filhos para estudar, e ao buscar nosso apoio técnico para resolver ou ajudar a resolver seus problemas. A janela para esse mundo exterior vem dessa estruturação da divulgação nas mais diversas mídias, um trabalho que vem sendo realizado com excelência desde que passou a ser centralizado na chefia do Departamento. Os resultados dessas iniciativas já são muito expressivos e só tendem a crescer. Precisamos incentivar os diversos grupos a manterem um fluxo contínuo de informações sobre suas atividades e realizações e dar continuidade e incentivo às ações de divulgação.
Fonte: Equipe de Divulgação EMC/UFSC