Em 2021, comemoram-se 55 anos de formatura dos primeiros engenheiros formados em Santa Catarina, mas vale a pena retroceder ainda mais no tempo para conferir ações pioneiras que culminaram no orgulho de ter estudado na maior universidade catarinense e, mais recentemente, de pertencer à Alumni EMC (Associação de Ex-alunos do Departamento de Engenharia Mecânica e da Escola de Engenharia Industrial da Universidade Federal de Santa Catarina).
A mesma Lei n. 3849/60 que criou a Universidade de Santa Catarina – originalmente sem “Federal” no nome -, determinou a implantação da EEI (Escola de Engenharia Industrial). Na época, o estado sequer dispunha de professores para seguir a determinação, então os buscou na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Um total de 43 candidatos se inscreveram no primeiro vestibular, em 1962, e 28 foram aprovados, iniciando as aulas na antiga Faculdade de Direito, situada à Rua Esteves Jr., 65 (hoje Escola Básica Professor Henrique Stodieck). Além deles, Otávio Ferrari Filho se transferiu da Universidade do Paraná para entrar na turma em 1963, quando a EEI foi transferida para a Avenida Bocaiúva, onde ficava a Reitoria (hoje funciona o Comando da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada). A construção de madeira em meio à vegetação era tão rústica que ganhou o apelido de “casa do Tarzan”.
A cada semana ou a cada 15 dias Professores Titulares da UFRGS vinham de avião de Porto Alegre para dar aulas em Florianópolis, então com aproximadamente 100 mil habitantes. Professores Assistentes radicados na capital completavam as atividades didáticas dos Titulares. Aulas de laboratório aconteciam nas oficinas da Escola Técnica Federal, na Avenida Mauro Ramos (hoje Instituto Federal de Santa Catarina). E para complementar a formação, houve muitos estágios e visitas programadas a empresas de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
Entre os 29 estudantes, havia uma mulher, Vera Lúcia Duarte do Valle Pereira, vinda do Rio de Janeiro. “Longe de casa e convivendo pela primeira vez com uma turma exclusivamente composta de rapazes, tudo foi um grande desafio, mas o convívio foi muito salutar”, lembra. “Meus queridos professores também sempre me trataram com muita dignidade.”
No quarto ano, a graduanda começou a namorar o colega de classe que se tornaria seu marido e Chefe do Departamento de Engenharia Mecânica, Hyppólito do Valle Pereira Filho. Eles se casaram em 1967, ano seguinte à formatura de ambos, no dia 19/11/1966. Na solenidade realizada no Teatro Álvaro de Carvalho, foram homenageados todos os docentes pioneiros do curso, incluindo os Profs. Arno Blass, Nelson Back, Raul Valentim e Caspar Erich Stemmer (segundo diretor da EEI).
“Passados 55 anos da nossa formatura, o Departamento de Engenharia Mecânica é visto com orgulho pelos engenheiros da primeira turma. O curso é reconhecido nacional e internacionalmente, com perspectivas de evolução permanente”, afirma Ferrari, que segue em plena atividade como consultor de duas empresas e membro de diversas entidades. Também partiu dele muitas das iniciativas de comemorar o aniversário de formatura com os colegas, no mínimo a cada 5 anos. “Esses encontros foram muito profícuos para todos nós”, conclui.
Em 2016, a Associação Catarinense de Engenheiros lançou um livro-homenagem aos primeiros 12 engenheiros graduados em SC, escrito pelo jornalista Mário Xavier. (Baixe o livro “Os 50 Anos de Graduação da Primeira Turma de Engenheiros da UFSC” (ace-sc.com.br).
Em 2019, Ferrari prestigiou a Assembleia Constituinte da Alumni EMC, tornou-se Sócio Fundador e membro do Conselho Fiscal. Em 2020, a Associação de Egressos do EMC e da EEI entregou placa à Vera Lúcia do Valle Pereira como reconhecimento por ter sido a primeira engenheira industrial formada em Santa Catarina. Em novembro de 2021, a Alumni pretende homenagear a turma como um todo por ter aberto caminho aos milhares de profissionais graduados ou pós-graduados na UFSC.
Fonte: Alumni EMC, com informações de Otávio Ferrari Filho e do livro Os 50 anos de Graduação da Primeira Turma de Engenheiros da UFSC. Conselho editorial da obra: Abelardo Pereira Filho, Arno Blass, Edemar Antonini, Lourival Boehs, Maria Eliza Nunes, Otávio Ferrari Filho, Raul Valentim da Silva, Roberto de Oliveira, Sergio Gargioni e Nelson Back.
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