O Instituto de Soldagem e Mecatrônica (Labsolda) da UFSC recebeu nesta última quarta-feira, 6 de novembro, o Prêmio Stemmer Inovação Catarinense, entregue ao professor Jair Carlos Dutra. O instituto apresentou três cases de destaque entre os projetos desenvolvidos recentemente e foi premiado na categoria Instituição CTI pelo conjunto da obra. A cerimônia, realizada no Centro de Eventos da Fiesc, teve a presença do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.
O prêmio, na sua sétima edição, é uma promoção da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Criada em 2008 pela Lei Catarinense de Inovação, a premiação leva o nome do ex-reitor da UFSC, Caspar Erich Stemmer, e visa reconhecer, com troféus, certificados e valores financeiros, ações inovadoras de instituições, empresas e pessoas consideradas “protagonistas da inovação”. O Labsolda, que concorreu com a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e o Instituto Stela, apresentou três cases de destaque.
O primeiro deles retratou o sistema de soldagem desenvolvido no âmbito de um projeto de P&D com a empresa Engie (antiga Tractebel Energia), no qual foram embarcados conhecimentos e tecnologias das áreas de processos de soldagem, projeto mecânico, eletrônica e automação.
“Isso permite a fabricação automatizada de painéis de paredes de caldeira revestidos, os quais são instalados nas regiões mais críticas das caldeiras (evaporadores) de usinas termelétricas, como a Usina de Capivari de Baixo”, explica o professor Jair Carlos Dutra. O revestimento protege os componentes por um longo período de tempo, evitando falhas que podem comprometer o funcionamento de todo o sistema de geração de energia.
No segundo case foram apresentadas técnicas avançadas para produção de vídeos em alta velocidade. Estas técnicas, na área de soldagem, possibilitam a análise e avaliação dos mais variados fenômenos associados com a física do arco, da transferência metálica e até do fluxo dos gases utilizados nos processos. O desenvolvimento destas técnicas se deu a partir da geração/aplicação de conhecimentos avançados em ótica, eletrônica e informática junto a diferentes equipamentos e dispositivos óticos. “Esta associação foi necessária para superar as dificuldades relacionadas ao registro de fenômenos que ocorrem muito rapidamente, em escala reduzida e com grande variação na intensidade luminosa, como no caso dos processos soldagem”, diz João Facco de Andrade, gerente de projetos do Labsolda.
“Em ambos os cases, apesar dos desenvolvimentos terem motivações atreladas a aplicações especificas, observam-se oportunidades para utilização dos equipamentos e técnicas em outros contextos e áreas”, ratifica Jair Carlos Dutra, professor voluntário do Instituto de Soldagem e Mecatrônica, criado há 43 anos.
O pacote de cases ainda incluiu um referente ao Sistema para soldagem automatizada TIG Orbital de tubos de pequeno diâmetro. “Apesar de amplamente comercializado por fornecedores estrangeiros, tem um custo de aquisição muito elevando no Brasil, o que acaba por limitar sua viabilidade no contexto nacional”, acrescenta Dutra.
O sistema pode ser aplicado na soldagem de tubulações fixas, interconectando diferentes etapas do processamento de insumos e produtos, ou na soldagem de componentes a serem embarcados em equipamentos, como trocadores de calor por exemplo.
“O projeto com a Tractebel está pautado na legislação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), onde as empresas têm que, de fato, investir um por cento do seu faturamento em pesquisa”, reforça o professor Jair Dutra. “São recursos aproveitados como parte de uma obrigação institucional, e que vem continuamente mantendo esse trabalho de pesquisa e desenvolvimento com o Labsolda e com a UFSC.