Pensando em minimizar o sofrimento de pacientes acamados que precisam ser deslocados para cadeiras a cada troca de lençóis, o Prof. Walter Lindolfo Weingaertner, do Departamento de Engenharia Mecânica propôs a alunos o desafio de buscar uma solução para o problema. Eles tiveram tanto êxito na automatização do processo que o outro orientador da equipe, o Prof. Milton Pereira, os incentivou a depositar pedido de Patente de Modelo de Utilidade junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), por meio da SINOVA (Secretaria de Inovação) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Tudo começou quando o pai do Prof. Walter precisou ser hospitalizado, aos 94 anos. “Lá, ele era erguido pelas enfermeiras e colocado em uma cadeira de rodas enquanto as atendentes arrumavam a cama. Foi neste estágio que surgiu a ideia de criar uma forma de automatizar a troca de lençóis sem tirar o paciente da cama”, conta o docente, na época coordenador do LMP (Laboratório de Mecânica de Precisão).
O desenvolvimento do projeto se deu no segundo semestre de 2018, no âmbito da disciplina Projeto Integrado (EMC5005), ministrada pelo Prof. André Ogliari em conjunto com outros professores do EMC. Nessa disciplina, estudantes são divididos em equipes de seis integrantes e executam o processo de projetos em temáticas e áreas diferentes, com base na metodologia PRODIP (Processo de Desenvolvimento Integrado de Produtos), desenvolvida no laboratório coordenado pelo Prof. Ogliari, o NEDIP (Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Produtos).
No caso da cama hospitalar com troca de lençol automatizada, os alunos Bruno Ostetto Elias, Gabriel Vieira de Oliveira, Eduardo Vieira, Matheus Rutzen Reizer, Luis Flavio Pacher Hoffmann e Yuri Leonel Alves Morangueira – todos então na sétima fase – fizeram um estudo do estado da arte das soluções existentes, aplicaram questionários a 15 profissionais da saúde e propuseram uma alternativa que dispensava movimentações mais intensas dos pacientes. A cama que eles criaram é munida de uma maca lateral e de uma esteira que para promover a troca. O lençol se move lateralmente, permitindo que o paciente junto com o lençol, seja transportado.
O trabalho foi desenvolvido ao longo de 4 meses, sob orientação específica dos Profs. Walter Weingaertner e Milton Pereira. O último viu no produto final a possibilidade de ser patenteado e encorajou o grupo a deflagrar o processo por meio da SINOVA da UFSC, mesmo que o modelo em CAD (sigla em inglês para Desenho assistido por computador) não pudesse ter sido fabricado junto com o desenvolvimento do projeto.
“A fabricação de um protótipo era um objetivo do grupo desde o início. Entretanto, devido aos custos para compra dos materiais e contratação dos serviços, a prototipagem foi abandonada”, explica Bruno Elias, hoje bolsista no LABSOLDA (Instituto de Soldagem e Mecatrônica).
“Talvez no futuro pudéssemos ter uma disciplina ou alguma atividade que tivesse enfoque na prototipagem, testes e encaminhamento de pedidos de patentes das soluções propostas”, sugere o Prof. André. “Em termos gerais e não somente nesse projeto, a concessão de uma patente, além da oportunidade comercial para os autores (licenciamento da patente, por exemplo), mostra que nossas equipes têm condições de elaborar bons projetos e de encaminhar pedidos de patentes em nível apropriado das soluções propostas, de modo que muitos outros pedidos poderiam ser encaminhados tendo em vistas as boas ideias que são propostas nos projetos da disciplina.” (Exemplos no canal de YouTube https://www.youtube.com/channel/UChA1ogaANAbX9RO8PP1yFaQ ).
Especificamente sobre a nova cama hospitalar, foi solicitado ao INPI registro de Patente de Modelo de Utilidade, título de propriedade temporária que vigorará pelo prazo de 15 anos contados da data de depósito. “O pedido de patente em questão tem como uma das titulares a UFSC e, neste sentido, qualquer uso deste por qualquer outra instituição/organização necessita de consulta à SINOVA, que representa a Universidade no que se refere à Propriedade Intelectual”, esclarece Caio Corrêa Costa, Assistente em Administração da referida Secretaria.
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Visualize o funcionamento da cama proposta e confira as legendas para melhor entendimento:
- Início do processo
O processo é iniciado com a remoção da grade de segurança lateral, certificação de horizontalidade do paciente e acionamento dos atuadores lineares para esticar a esteira de transporte.
- Levantamento da cama auxiliar e início da rotação do lençol
Com a remoção da grade, tem-se início a elevação da cama auxiliar para a posição 1 (levemente inclinada para baixo em relação à horizontal).
- Passagem do paciente para a cama auxiliar e rotação do lençol
Após a chegada a essa posição o mecanismo dos rolos é acionado levando o paciente para a cama auxiliar e rotacionando o lençol.
- Remoção do lençol sujo
Com auxílio dos rolos, o lençol pode ser removido facilmente.
- Fixação do lençol limpo
Ainda com o auxílio dos rolos, o lençol limpo é colocado para dar continuidade ao processo da troca.
- Rotação do lençol até meio ciclo para posicionamento do paciente
- Levantamento da cama auxiliar e rotação anti-horária do lençol novo
Elevação da cama auxiliar para a posição 2 – acima da 1 – para volta do paciente por gravidade para perto do lençol
- Transferência do paciente para a cama
Rotação do rolos para recolocação do paciente e do lençol novo nas posições inicial.
- Retração da cama auxiliar e finalização do processo
Retração da cama auxiliar, recolocação da grade de segurança, retração dos atuadores lineares para voltar a posição de repouso das esteiras e finalização do processo.
Fonte: Heloisa Dallanhol
Equipe de Divulgação EMC/UFSC